segunda-feira, 25 de agosto de 2014


ainda se deitam sobre meu travesseiro
seu nome junto à minha cabeça,
a idade média
a lembrança da janela
                             - essa terrível

ainda são cordões e estrada
seus dedos,
a torre da igreja onde pouso dois poemas decorados
tudo a que me seguro

contornos em vermelho frio
sua feição arcaica
onde dorme minha sombra
todo frio ou calor

ainda se deita sobre meu travesseiro
seu nome junto à minha cabeça
Ao boêmio ou poema para Vinicius

Ah, mas o moço com o violão
tão afinado
tão apaixonado
tão condizente,
é tão bossa nova
é tão permanente.
IV

a sujeira sobre o tapete
essa toalha estendida
o mofo
essa umidade toda

a tarde é lânguida nessa hora
tem hálito doce esse pouco vento

as coisas são cortadas pelo sol da fresta
uma forma sorrateira de adentrar e quase aquecer

é de comover tanta orfandade
tanto sol nas costas
esse trem que passa



Às quatro da tarde
                -quando naquele dia ainda claro-
peguei seu retrato de menino,
gravei dele suas perninhas tortas
todo olho curioso
e aquela ansiedade sem disfarce
                -salutar, mas ansiedade.

Desde ali te amei.
Você tão pequeno em posse de um mundo tão grande
tão inconsequente isso tudo, falei pra mim.

Desde então tem sido assim:
você gravado
me acompanhando pra todo lado
desde menino.