quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Das passagens

As circunstâncias são diversas e me constrangem.
Ando a envelhecer os dentes, os deixo ficarem fracos, 
sensíveis à tudo que é de temperatura extrema. 
Os cabelos, fios que parecem pesar demais pra carcaça capilar,
se mostram desmoronando, de tempos em tempos
a cada toque que queira aliviar tensão emotiva.
Das estranhezas que se apresentam a mim, 
a que mais me abala,
é a rispidez com que o tempo se põe a me tomar os instantes.
De tudo, me sobreponho sobre a lentidão com que me assento e me levanto
das cadeiras imóveis e envelhecidas.
De janelas, densas viseiras, celebrações de tardes e manhãs
se calculam em cada posto de braços e cotovelos
a perder tempos e a querê-los de volta.
Não nego que, talvez seja Deus quem me toma as mãos lisas. 



terça-feira, 23 de julho de 2013

A Tarde de Abril

Essa hora veio
transtornando os maracujás caídos dos pés,

as roupas pingando do arame.
A cadeira não gira, não acompanha o mundo
e me serve de latente filosofia
me compondo os porquês destes mosquitos tão encardidos
destas unhas amarelas.
De prazo a prazo, 
de uma velhice apressada
é dado por todo outono
rumar as questões de desnudar árvores.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Imperiosa 

"-Homem, casa comigo! 

Quero te dar panos limpos 
prato e travesseiro quente."
Achei lindíssimo o jeito imperial de dizer, 
com tronco firme e boca cheirando a buquê.